Ações da Taurus (TASA4): Valem a pena?
As ações da Taurus estão sendo negociadas com um grande desconto em relação aos seus pares.
Será que é hora de comprar?
Taurus é uma empresa de defesa com mais de 80 anos de fundação. A única do setor na bolsa brasileira.
Apesar de já ter sido uma smallcap de destaque, perdeu sua capacidade de operação.
Reportou prejuízos seguidos, e um acréscimo pesado em sua dívida.
Mas isso parece estar mudando.
Após exibir margem EBITDA negativa de 2013 a 2017, reportou margem positiva por dois anos seguidos. De 9,85% em 2018 e de 12,39% para o ano de 2019.
Em 2019, apresentou o primeiro lucro líquido de anos.
E uma receita recorde de 999 milhões, com crescimento de 18,25% contra 2018.
A empresa está passando por um movimento forte de melhora na produtividade.
Parece que o o pior já passou.
Em termos de fluxo de caixa, a Taurus também apresentou um excelente ano.
A geração de caixa operacional atingiu 108 milhões, contra 32 milhões em 2018.
A empresa consumiu 67 milhões desse caixa com investimentos.
O valor foi superior ao Capex de manutenção, que está perto de 20 milhões por ano.
Sobrou dinheiro para abater a dívida líquida, que apresentou redução no trimestre.
Em dezembro de 2019, a Companhia concluiu a transferência de sua fábrica nos EUA para Georgia.
A mudança entregou um aumento de capacidade própria na ordem de 50% no país.
Apesar de ser uma empresa Brasileira, cerca de 80% da receita é proveniente dos EUA. E agora próximo de 50% da produção.
Taurus é uma companhia internacional.
Esse ano assinou uma joint venture com a Jindal Group, maior produtora de aço da Índia. O objetivo é a produção local para o mercado interno do país.
Em resumo, temos:
- Operações entrando nos eixos;
- Uma empresa internacional com receitas em dólar;
- Capacidade fabril pronta para aumento do volume de vendas em um mercado aquecido;
- Novos projetos internacionais.
Para mais informações, recomendamos o site de relações com investidores da Taurus.
Assista também, abaixo, o vídeo da última reunião APIMEC da empresa.
Endividamento: o maior risco nas ações da Taurus
Aqui mora o grande perigo das ações TASA4 e TASA3.
A dívida líquida de 714 milhões de reais é incompatível com sua estrutura.
Renegociada recentemente, vence principalmente em 2022.
Com a geração de caixa atual, a empresa pode ter dificuldade para sanar suas obrigações.
Alguns ativos à venda, como imóveis e segmentos fora do setor de defesa, tem o objetivo de reforçar a estrutura de capital.
Apesar do risco, não parece ser uma situação falimentar.
Valuation
Taurus está extremamente descontada com relação aos seus pares.
O motivo é sua dívida, que funciona como uma bola de ferro no calcanhar da empresa.
Existe um desconto que podemos entender como justificado, pois é uma companhia que até pouco tempo corria risco de falência.
Mas Taurus está barata, mesmo se somarmos sua dívida em dólar.
E como esse vão pode ser fechado?
Uma forma é na operação.
A empresa precisa apresentar aumento do lucro bruto, e manter as despesas gerais e administrativas sob controle.
Isso resultará em uma margem EBITDA superior, e um melhor indicador Dívida Líquida / EBITDA. A percepção de risco diminui.
Esse pode ser o principal driver de curto prazo.
Com a entrega de maior capacidade de sua fábrica na Geórgia, a expectativa de acréscimo de vendas no primeiro semestre de 2020 é real.
A segunda forma é através da diminuição de sua dívida.
Se reduzir a sua dívida líquida, a Companhia reduzirá seu EV/EBITDA, e abrirá espaço espaço para ser avaliado mais pelo seu equity do que pela sua dívida.
Isso pode acontecer de maneira gradual, pela própria geração do fluxo de caixa.
A venda os ativos não essenciais, um processo já iniciado, pode melhorar a questão no médio prazo.
Um aumento de capital é a terceira forma.
Processo já foi iniciado, Taurus emitiu 74 milhões de bônus de subscrição que representam 383 milhões de reais.
Com valores entre 4-7 reais, o preço atual deve incentivar a integralização.
Outro driver para as ações da Taurus é a expansão internacional.
Um processo de longo prazo, e com muitas incertezas.
Em um cenário base, com margem EBITDA de 10% nos próximos anos, podemos falar em um valuation de 1x vendas.
Pela receita de 1 bilhão em 2019, temos um valor de R$ 11 por ação.
A concorrente Sturm Ruger negocia a 2,89x receita. Podemos dizer que 1x receita é um valuation conservador.
Não é distante pensar em uma receita piso de 1,2 bilhão para 2020.
É só olharmos a demanda atual do mercado de defesa e o aumento de capacidade de produção entregue em 2019.
No cenário de diluição completa, com receita de 1,2 bilhão, e valuation de 1,5x receita, TASA4 vale R$ 11,08.
Em um cenário que a empresa mantenha suas operações em dia, com sucesso em uma solução rápida para a dívida, e nos seus processos de expansão, vemos um bom potencial.
Conclusão
Temos uma empresa que aparenta ter resolvido seu problema de operação.
Com a dívida sob controle temos um upside considerável, mesmo em um cenário sem muito otimismo.
Também temos drivers de curto prazo que podem mexer com o preço das ações da Taurus.
Ponto negativo: é uma empresa com um histórico recente complicado, e com uma dívida problemática no calcanhar.
Pesando o fatores, existe espaço na carteira para as ações da Taurus. Alocada em um parcela de mais risco da carteira, e com cuidados no tamanho da posição.
Atenção: temos um novo artigo com o resultado do 1t20 e valuation das ações da Taurus.
Política de transparência: o autor do artigo possui posição em termos de TASA4.